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Câncer anal

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O ânus é a abertura na extremidade inferior dos intestinos, onde o final dos intestinos se conecta com a parte externa do corpo.

O alimento passa do estômago para o intestino delgado à medida que é digerido e, em seguida, para o intestino grosso. Os resíduos são armazenados no reto e eliminados pelo ânus, no processo conhecido como evacuação.

O câncer anal ocorre no canal e nas bordas externas do ânus. No entanto, esse tipo de câncer é raro, representa apenas entre 1% a 2% de todos os tumores colorretais, ou seja, que ocorrem no cólon, parte intermediária do intestino grosso, ou no reto.

Quais são as causas de câncer anal?

Geralmente todo tipo de câncer inicia a partir de uma mutação das células do local, provocadas por algum dano. Ainda que a causa exata de câncer anal permaneça desconhecida, estudos relacionam a doença a diferentes fatores de risco, principalmente a infecção do HPV (papiloma vírus humano). Veja abaixo os principais fatores que aumentam o risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer.

  • Infecção pelo HPV: a maioria dos casos registrados surge como consequência do HPV.  Os subtipos mais encontrados são HPV-16 e o HPV- 18, o primeiro, entretanto, é mais frequente e pode começar em células escamosas ou verrugas anais;
  • Baixa Imunidade:quando o sistema imunológico está comprometido como consequência de doenças ou de medicamentos imunossupressores para prevenir a rejeição de órgãos transplantados;
  • Tabagismo: substâncias presentes no tabaco também aumentam o risco, principalmente quando há maior propensão para o desenvolvimento da doença;
  • Infecções sexualmente transmissíveis (IST): como clamídia, gonorreia e herpes genital;
  • Fístula anal crônica: ligação anormal entre a superfície do canal anal e o tecido em volta do ânus, com secreção purulenta;
  • Condições precárias de higiene e irritação crônica do ânus.

A maioria dos cânceres de ânus começa nas células escamosas que revestem o canal anal e a margem anal. Eles crescem além da superfície e penetraram nas camadas mais profundas do revestimento. No entanto, mais raramente, outros tipos podem ocorrer:

  • Adenocarcinoma: esses cânceres geralmente começam nas células que revestem a parte superior do ânus, perto do reto. Embora também possam começar nas glândulas sob a mucosa anal, que liberam secreções no canal e nas glândulas apócrinas (um tipo de glândula sudorípara da pele perianal);
  • Carcinoma basocelular: os carcinomas basocelulares são um tipo de câncer de pele que pode se desenvolver na pele perianal.  Esses tumores, entretanto, são muito mais comuns em áreas da pele expostas ao sol, como rosto e mãos;
  • Melanoma: esses cânceres começam nas células da pele responsáveis pela produção de melanina (onde são mais frequentes): apenas um pequeno número de cânceres anais são melanomas;
  • Tumor estromal gastrointestinal (GIST): ainda que sejam muito mais comuns no estômago ou intestino delgado, mais raramente podem ocorrer na região anal.

Quais são os sintomas de câncer anal?

Alguns casos de câncer de ânus são assintomáticos, no entanto, o sintoma mais comum é o sangramento anal vermelho vivo durante a evacuação, associado a dor na região. Outros sinais de alerta são:

  • Alterações de hábitos intestinais;
  • Coceira;
  • Ardor;
  • Dor na região anal;
  • Secreções incomuns,
  • Feridas na região anal;
  • Incontinência fecal (impossibilidade para controlar a saída dos resíduos);
  • Nódulo ou massa no ânus;
  • Alteração do diâmetro das fezes (fezes finas);
  • Aumento de tamanho dos gânglios linfáticos na área do ânus ou virilha.

Boa parte desses sintomas também pode ser provocada por condições benignas, como hemorroidas, fissuras, fístulas anais e verrugas. No entanto, se eles ocorrerem com muita frequência ou se houver alterações nos hábitos intestinais e presença de sangue nas fezes, é importante procurar um especialista. O diagnóstico precoce aumenta as chances de o tratamento ser bem-sucedido.

Diagnóstico e estadiamento do câncer anal

O diagnóstico de câncer anal começa com o exame físico, quando são analisados os sintomas e o histórico clínico do paciente.

Posteriormente é feito o exame de toque e, caso seja necessário, a anuscopia, método que utiliza um pequeno espéculo rígido inserido poucos centímetros no interior do ânus, proporcionando a detecção de problemas do canal anal e/ ou a proctoscopia, que utiliza um instrumento chamado proctoscópio para examinar a cavidade anal. Durante os exames é feita a coleta de uma amostra do tecido suspeito para biópsia, confirmando, dessa forma, o câncer e determinando o tipo histológico.

Para facilitar o estadiamento da doença, ou seja, determinar critérios como tamanho e capacidade de ele espalhar, fundamentais para definição do tratamento, podem ser realizados outros exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RMI).

O câncer é, então, classificado a partir dos resultados com a utilização do sistema de classificação internacional de tumores malignos, TNM, por diferentes pontuações:

  • T indica o tamanho do tumor e se ele espalhou para tecidos próximos;
  • N se espalhou para os nódulos linfáticos próximos
  • M, quando espalha para outras partes do corpo (metástase).

Com a definição e pontuação desses parâmetros é possível individualizar o tratamento, o que aumenta as chances de sucesso.

Como o câncer anal é tratado?

As três principais formas de tratamento para o câncer de ânus são a cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou uma combinação de duas ou mais dessas modalidades terapêuticas. Normalmente são realizados dois tipos de cirurgia, ressecção local e ressecção abdominal:

  • Ressecção local: é o procedimento adotado quando o câncer ainda está nos estágios iniciais e prevê a remoção do tumor com uma margem de tecido saudável ao redor dele. Normalmente a remoção não danifica os músculos do esfíncter anal que circundam o canal anal e controlam o movimento intestinal.  De acordo com o tipo câncer, após a cirurgia é administrado o tratamento por quimioterapia e radioterapia em associação.
  • Ressecção abdominoperineal: é o procedimento adotado quando o câncer espalhou e não respondeu a outros tratamentos. Nele, o canal anal, reto e uma parte do cólon são removidos. A parte restante do cólon é, então, conectada a uma abertura no abdome e os resíduos são eliminados por uma bolsa presa a ela.

Quando o câncer de ânus está em estágios mais avançados, podem ser utilizados, ainda, outros tratamentos suplementares, como a imunoterapia e a terapia medicamentosa direcionada.

Segmentação do tratamento de câncer de cólon (folow up)

Em geral a recomendação é de que pessoas que tiveram câncer anal sejam acompanhadas a cada 3 ou 6 meses, pelo menos nos primeiros 3 anos após o tratamento e, nos dois anos seguintes, a cada seis meses.

Durante a consulta, além de avaliar a saúde dos pacientes, são verificados os possíveis efeitos colaterais do tratamento, e realizados exames para confirmar se o câncer não retornou (recidiva). Se o câncer não retornar, o paciente é considerado curado 5 anos depois de iniciado o tratamento.