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Dieta do paciente oncológico

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Sabe-se que a alimentação é importante em todas as fases da vida, da infância à velhice. Para os pacientes com câncer, entretanto, alimentar-se corretamente aumenta bastante as chances de sucesso do tratamento.

A dieta do paciente oncológico, clinicamente chamada de terapia nutricional oncológica, tem como objetivo ajudar aos pacientes de câncer a manter um peso corporal saudável, garantindo mais energia, e a minimizar os efeitos provocados pelas terapias. Ou seja, o acompanhamento nutricional é feito durante e após o tratamento.

O nutricionista oncológico faz parte da equipe de profissionais de saúde responsável pelo tratamento dos pacientes: a dieta é definida de acordo com as abordagens terapêuticas indicadas em cada caso.

Quais efeitos o câncer e seus tratamentos podem causar em pacientes oncológicos?

Nutrição é um processo biológico pelo qual o organismo, a partir da ingestão de alimentos assimila nutrientes para a realização de suas funções vitais. Uma boa nutrição, portanto, é importante para uma boa saúde.

A adoção de uma dieta saudável, antes, durante e após o tratamento do câncer, além de fortalecer o paciente, contribui para maior disposição e acelera o processo de recuperação.

Para garantir uma alimentação balanceada, os alimentos devem conter os nutrientes necessários ao funcionamento adequado do organismo, como vitaminas, minerais, proteínas, carboidratos, gordura e água.

O câncer e seus tratamentos tendem a causar efeitos colaterais, que afetam o processo nutricional levando à desnutrição. Podem, por exemplo, interferir com o paladar, o olfato, o apetite, além da capacidade de comer quantidades suficientes ou de absorver os nutrientes. O abuso de álcool e a obesidades são fatores que aumentam o risco.

A desnutrição resulta em fraqueza, cansaço, dificuldades para combater infecções ou mesmo para ajudar na cura: esse enfraquecimento piora se o câncer espalhar.

Veja abaixo os efeitos de cada tratamento para o câncer no processo nutricional, que podem ser prevenidos ou minimizados com a dieta adequada:

Quimioterapia

A quimioterapia afeta as células de todo o corpo. Esse tratamento utiliza medicamentos para interromper o crescimento das células cancerosas, matando-as ou impedindo a sua divisão. Porém, as células saudáveis ​​que normalmente crescem e se dividem rapidamente também podem ser mortas, incluindo as envolvidas no processo digestivo, provocando, dessa forma, diferentes efeitos colaterais, de acordo com o tipo de medicamento administrado. Os mais comuns são:

  • Perda de apetite;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Boca seca;
  • Feridas na boca ou garganta;
  • Alterações no sabor dos alimentos;
  • Dificuldade em engolir;
  • Sensação de saciedade após comer uma pequena quantidade de comida;
  • Constipação;
  • Diarreia.

Terapia hormonal

A terapia hormonal adiciona, bloqueia ou suprime hormônios. Pode ser usada para retardar ou interromper o crescimento de certos tipos de tumor e, muitas vezes, causa ganho de peso. Nesse caso, pode ser necessário a adoção de uma dieta que previna esse efeito.

Radioterapia

A radioterapia mata células cancerosas e as saudáveis da região que está sendo tratada. A gravidade dos efeitos colaterais varia de acordo com cada região, a quantidade de seções necessárias e a forma como esse tratamento é administrado. Os mais comuns são:

Radioterapia no cérebro ou cabeça e pescoço

  • Perda de apetite;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Boca seca ou saliva espessa;
  • Ferimentos na boca e gengivas;
  • Alterações no sabor dos alimentos;
  • Dificuldade em engolir;
  • Dor ao engolir;
  • Incapacidade de abrir totalmente a boca.

Radioterapia no tórax

  • Perda de apetite;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Dificuldade em engolir;
  • Dor ao engolir;
  • Asfixia ou problemas respiratórios causados ​​por alterações na parte superior doesôfago.

Radioterapia no abdome, pelve ou reto 

  • Náusea;
  • Vômito;
  • Obstrução intestinal;
  • Colite;
  • Diarreia.

A radioterapia também pode causar cansaço, o que naturalmente leva à diminuição do apetite. A maioria dos efeitos colaterais começa duas a três semanas após o início e desaparece semanas após o término. Alguns, entretanto, podem continuar por meses ou anos após o término do tratamento.

Cirurgia

A maioria dos pacientes com câncer é tratada por cirurgia. A cirurgia aumenta a necessidade do corpo por nutrientes e energia. Os nutrientes extras são importantes para ajudar na cicatrização, combater infecções e estimular uma recuperação mais rápida. Assim, em pacientes com carência de nutrientes, o início da terapia nutricional é recomendado antes do tratamento.

Além disso, a remoção dos tumores em determinadas regiões, pode afetar a capacidade de o paciente alimentar-se adequadamente ou a digestão dos alimentos, como os localizados na cabeça, pescoço, esôfago, estômago ou intestinos. Os efeitos mais comuns incluem:

  • Perda de apetite;
  • Dificuldade para mastigar;
  • Dificuldade para engolir;
  • Sensação de saciedade após a ingestão de uma pequena quantidade.

Imunoterapia

A imunoterapia é um tratamento adjuvante, administrado após a cirurgia particularmente em pacientes com câncer em estágios mais avançados. Os efeitos colaterais são diferentes em cada paciente, da mesma forma que variam de acordo com o tipo de medicamento utilizado. Os mais comuns são:

  • Cansaço;
  • Febre;
  • Náusea;
  • Vômito;
  • Diarreia.

Transplante de células-tronco

Os pacientes que recebem um transplante de células-tronco têm necessidades nutricionais especiais. Quimioterapia, radioterapia e outros medicamentos usados ​​antes ou durante um transplante de células-tronco podem causar efeitos colaterais impedindo a ingestão ou digestão corretas, ao mesmo tempo que causam a redução de glóbulos brancos, responsáveis por combater as infecções.

Há, ainda, o risco para o desenvolvimento de uma condição conhecida doença do enxerto contra hospedeiro, aguda ou crônica. Ela pode afetar o trato gastrointestinal ou o fígado e alterar a capacidade de absorver os nutrientes dos alimentos. Os efeitos colaterais mais comuns incluem:

  • Feridas na boca e na garganta;
  • Diarreia.

Por outro lado, a falta de nutrientes em pacientes com câncer pode resultar em duas condições, anorexia e caquexia.

  • Anorexia:é a perda de apetite ou desejo de comer. É um sintoma comum em pacientes com câncer, ao mesmo tempo que é a principal causa de desnutrição. Alguns pacientes já apresentam o problema desde o diagnóstico, enquanto em outros surge mais tarde, principalmente quando a doença se espalha.
  • Caquexia:é uma condição caracterizada por fraqueza, perda de peso, de gordura e músculos. Comum em pacientes com tumores que afetam o processo alimentar e a digestão, independentemente, muitas vezes, de o paciente ter ou não uma boa alimentação. Em pacientes com câncer as duas condições podem ocorrer simultaneamente.

Como cada tratamento interfere de uma forma diferente no processo nutritivo, a dieta é definida em conjunto com o planejamento terapêutico, a partir de uma avaliação nutricional previamente realizada.

Porém, mesmo sendo feito um planejamento diferente para cada tipo de tratamento, algumas orientações são mais abrangentes.

Orientações gerais para dieta do paciente oncológico

  • Fazer de 5 a 6 refeições diárias, de 3 em 3 horas (café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia);
  • Comer devagar e mastigar bem os alimentos;
  • Beber pelo menos 2 litros de líquidos diariamente: água, chás ou sucos naturais, por exemplo.
  • Ingerir diariamente frutas, verduras e legumes. Eles são ricos em nutrientes como fibras, vitaminas e minerais, e vão contribuir para o bom funcionamento do intestino e para garantir todos os nutrientes necessários;
  • Reduzir o consumo de sal e gordura e substituir temperos prontos pelos naturais, como diferentes tipos de ervas, alho e cebola;
  • Moderar o consumo de frituras e alimentos gordurosos em geral;
  • Evitar alimentos embutidos (salames, salsichas, presuntos etc.);
  • Dê preferência a leites menos gordurosos, como o semidesnatado ou desnatado;
  • Evite bebidas alcoólicas.