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Câncer de ovário

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O sistema reprodutor feminino é formado pelos ovários, tubas uterinas, útero e vagina. Os ovários são as glândulas sexuais. São responsáveis pelo armazenamento dos folículos, bolsas que contém os óvulos primários e pela secreção dos hormônios progesterona e estrogênio.

Localizados um a cada lado do útero, possuem o formato de uma amêndoa e estão conectados ao órgão pelas tubas uterinas. Todos os meses um óvulo é liberado pelos ovários e capturado pelas tubas uterinas onde a fecundação, ou fusão com o espermatozoide, acontece.

O câncer de ovário começa a partir de uma mutação nas células ovarianas e é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, atrás apenas do câncer do colo do útero. Alguns são benignos (não cancerosos) e nunca se espalham além do ovário. Tumores ovarianos malignos, entretanto, ou considerados limítrofes – com baixo potencial de malignidade –, podem se espalhar para outras partes do corpo (metástase) e em estágios mais avançados são bastante graves.

O que causa o câncer de ovário?

Ainda que a causa exata de câncer de ovário permaneça desconhecida, o desenvolvimento dele é fortemente associado por estudos à alta exposição ao estrogênio durante a vida: quanto maior a exposição, maior a predisposição.

Alguns fatores contribuem para aumentar o risco, os principais são:

  • Nuliparidade ou nunca ter tido filhos;
  • Ter poucos filhos;
  • Menarca precoce;
  • Menopausa tardia;
  • Histórico familiar de câncer de ovário: o risco é maior quando parentes de primeiro grau tiveram a doença;
  • Terapia para reposição hormonal estrogênica: principalmente quando é realizada por longo prazo e em grandes doses;
  • Idade: o câncer de ovário é mais comum entre os 50 anos e 60 anos, embora possa ocorrer em qualquer idade, inclusive durante a fase reprodutiva.

Os ovários são compostos principalmente por 3 tipos de células. Cada um pode originar um tumor diferente:

  • Tumores epiteliais: começam nas células que revestem a superfície externa do ovário (córtex ovariano). Mais de 90% dos tumores ovarianos são tumores de células epiteliais. Os tumores epiteliais cancerosos são chamados de carcinomas. Essas células tumorais têm várias características, que classificam os carcinomas epiteliais de ovário em diferentes tipos. O tipo seroso é o mais comum (52%) e pode incluir tumores de alto e baixo grau. Os outros tipos são endometrioide (10%), mucinoso (6%) e de células claras (6%).
  • Tumores estromais:começam no tecido ovariano que contém células produtoras de hormônios. Esses tumores são geralmente diagnosticados em um estágio mais precoce do que outros tumores ovarianos.  Cerca de 1% dos cânceres de ovário são tumores de células do estroma ovariano. Mais da metade é registrada em mulheres acima dos 50 anos e, cerca de 5% ocorrem em meninas. Os tipos de tumores estromais malignos incluem tumores de células da granulosa (mais comum), tumores da granulosa-teca e tumores de células de Sertoli-Leydig, que geralmente são considerados cânceres de baixo grau. Thecomas e fibromas são tumores estromais benignos. Os cancerosos são frequentemente encontrados em um estágio inicial e têm uma boa perspectiva, com mais de 75% dos pacientes sobrevivendo a longo prazo.
  • Tumores das células germinativas: as células germinativas são as que formam os óvulos. A maioria dos tumores de células germinativas é benigna, embora alguns sejam malignos e potencialmente perigosos. No entanto, são bastante raros, representam aproximadamente 2% dos tumores ovarianos e geralmente desenvolvem em mulheres mais jovens, embora tendam a ser diagnosticados precocemente e tenham um ótimo prognóstico, com sobrevida na maioria dos casos. Os tumores de células germinativas mais comuns são teratomas, disgerminomas, tumores do seio endodérmico e coriocarcinomas. Porém, também podem ser uma mistura de mais de um único subtipo.

Cistos ovarianos

Muitas mulheres têm cistos ovarianos.  Eles geralmente são assintomáticos, inofensivos e desaparecem sem nenhum tratamento. A maior parte se desenvolve como consequência do ciclo menstrual, são chamados cistos funcionais e divididos em dois tipos: folicular e de corpo lúteo.

Um cisto ovariano pode ser mais preocupante em uma mulher que não está ovulando: na pré-puberdade ou após a menopausa, por exemplo, o que indica a necessidade de uma investigação detalhada. Ainda que a maioria desses cistos seja benigna, um pequeno número pode evoluir para o câncer.

O câncer que afeta o ovário também pode começar em outro local próximo, como as tubas uterinas e o peritônio.

Quais são os sintomas de câncer de ovário?

Mesmo sendo muitas vezes assintomático nos estágios iniciais, o câncer de ovário pode causar vários sinais e sintomas, independentemente do estágio de desenvolvimento:   Os mais comuns são:

  • Inchaço;
  • Dor pélvica ou abdominal;
  • Perda de apetite ou sensação de saciedade;
  • Micção frequente e urgente.

Embora esses sintomas possam, da mesma forma, ser provocados, por outras doenças, inclusive as benignas, quando são consequência desse tipo de câncer tendem a ser persistente, ao mesmo tempo que manifestam com maior frequência e intensidade. Por isso, se houver a manifestação de qualquer sintoma mais do que 12 vezes por mês, um especialista deve ser consultado.

Menos frequentemente o câncer de ovário pode manifestar, ainda, os seguintes sintomas:

  • Fadiga (cansaço extremo;)
  • Náuseas;
  • Dor nas costas
  • Dor durante a relação sexual (dispareunia);
  • Constipação;
  • Irregularidades menstruais, como fluxo menstrual mais intenso;
  • Edema abdominal associado à perda de peso.

Além desses sintomas, os tumores estromais manifestam alguns específicos. O mais comum é o sangramento vaginal anormal, consequência da produção de estrogênio, comum a esse tipo de tumor. O sangramento anormal pode acontecer antes da puberdade, entre os períodos menstruais ou após a menopausa.

Com menos frequência, os tumores estromais produzem testosterona, principal hormônio masculino, também encontrado em pequenas quantidades nos ovários. A produção de testosterona causa amenorreia ou ausência de menstruação, assim como provoca o surgimento de pelos em locais pouco comuns, como face, seios e costas, por exemplo, dor abdominal súbita e intensa se houver sangramento.

Diagnóstico e estadiamento do câncer de ovário

O diagnóstico inicia com o exame físico para verificar se há alterações como dilatação do ovário ou sinais de fluído no abdome (ascite) e a saúde geral, avaliar sintomas, além do histórico clínico e familiar da paciente.

Se houver motivos para suspeitar de câncer de ovário a confirmação é feita por exames de imagem e testes de sangue específicos para marcadores tumorais.

O primeiro exame de imagem realizado é a ultrassonografia transvaginal, que possibilita indicar com precisão a presença de massas tumorais distinguindo-as de outras condições como cistos ovarianos e endometriomas (um tipo de cisto característico de mulheres com endometriose).

Caso seja confirmada a presença de massas, outros exames de imagem são realizados para indicar se o câncer espalhou para locais próximos ou outros órgãos, como por exemplo a tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RMI), colonoscopia e raio-X de tórax.

Os resultados são importantes e proporcionar o estadiamento da doença, ou seja, definir a extensão e o estágio de desenvolvimento, o que é feito a partir do sistema de classificação internacional de tumores malignos conhecido como TNM, que pontua os seguintes parâmetros:

  • T: indica o tamanho do tumor e se o câncer espalhou para tecidos próximos;
  • N: se espalhou para os nodos linfáticos próximos;
  • M: se espalhou para locais mais distantes (metástase).

A única maneira de determinar com certeza o câncer de ovário, entretanto, é a biópsia, nesse caso, feita apenas quando o tumor é removido por cirurgia.

A partir dos estadiamento é possível definir o tratamento mais adequado para cada paciente, definido, ao mesmo tempo, o prognóstico. É importante que todo o processo, do estadiamento ao tratamento, seja acompanhado por equipe especializada em oncológica, com experiência nesse tipo de câncer. Dessa forma, há maiores chances de o tratamento ser bem-sucedido.

Tratamento do câncer de ovário

O tratamento do câncer de ovário geralmente envolve a associação entre cirurgia e quimioterapia e é indicado de acordo com a faixa-etária e características da paciente. A quimioterapia pode ser administrada durante o procedimento cirúrgico, chamada quimioterapia hipertérmica intraoperatória, ou após o tratamento (adjuvante), uma vez que é comum esse tipo de câncer retornar (recidiva).

Os procedimentos cirúrgicos geralmente realizados são:

  • Cirurgia para remoção de um ovário e uma tuba uterina (salpingo-ooforectomia unilateral):indicada quando o câncer está em estágio inicial, localizado apenas em um dos ovários, a cirurgia pode envolver a remoção do ovário afetado e a tuba uterina conectada a ele. O procedimento garante a preservação da capacidade reprodutiva.
  • Cirurgia para remover dois ovários e duas tuba uterinas (salpingo-ooforectomia bilateral):indicada quando câncer está presente em ambos os ovários, mas não espalhou para outros locais. Prevê a remoção dos dois ovários e das tubas uterinas.  Antes do procedimento é indicada a preservação da fertilidade de mulheres em idade reprodutiva que pretendem engravidar: procedimento realizado a partir do congelamento de óvulos. Como o útero não é retirado, após o tratamento a gravidez é possível com a utilização de técnicas de reprodução assistida.
  • Cirurgia para remover os ovários e o útero: quando o câncer é mais extenso ou se a mulher não tiver a intenção de engravidar, são removidos o útero, os ovários, as tubas uterinas, os gânglios linfáticos próximos e uma dobra do peritônio (omento).
  • Cirurgia para ressecção de vários órgãos: quando o câncer está em estágio mais avançado e espalhou para outros órgãos, são removidas todas as estruturas envolvidas.

Embora em estágios iniciais as chances de cura sejam mais altas, com o tratamento adequado é possível obter sucesso e aumentar a sobrevida de pacientes diagnosticadas em estágios mais avançados. Além das abordagens clássicas, nesse caso, outros tratamentos suplementares podem ser, ainda, adotados, incluindo a imunoterapia e a terapia medicamentosa direcionada, por exemplo.

Mulheres com predisposição genética podem recorrer ao procedimento chamado ooforectomia profiláctica, que prevê a retirada dos ovários antes de a doença desenvolver: a fertilidade também pode ser preservada a partir do congelamento de óvulos.

Segmentação do tratamento de câncer de ovário (folow up)

O acompanhamento de câncer de ovário geralmente é realizo da seguinte forma:

  • Consultas a cada 3 ou 4 meses durante os primeiros 2 ou 3 anos após o término do tratamento inicial;
  • Consultas a cada 4 ou 6 meses nos 3 anos seguintes;
  • Posteriormente uma vez por ano.

Quando o câncer é detectado em estágios iniciais as consultas podem ser menos frequentes. Em estágios mais avançados, por outro lado, apesar de pacientes com câncer serem considerados curados após 5 anos se não houver recidiva, como as chances desse tipo de câncer retornar são altas, o acompanhamento deve ser feito por mais tempo.

Durante a consulta são avaliados a saúde geral da paciente, realizados exames para confirmar se houve ou não recidiva da doença e verificados possíveis efeitos colaterais do tratamento.