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Carcinoma espinocelular

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O carcinoma espinocelular, também chamado de carcinoma de células escamosas, é o segundo tipo mais comum de cânceres que se desenvolvem na pele. Tem origem na camada mais superficial da epiderme, nas células escamosas, a partir de um dano no DNA motivado por diferentes fatores.

Embora a maioria geralmente seja curada com facilidade e sucesso, se crescerem, essas lesões podem causar desfiguração ou mesmo provocar risco de morte.  Se não forem adequadas tratadas, por outro lado, o câncer tende a se tornar invasivo ou se espalhar para outras partes do corpo.

O que causa o carcinoma espinocelular?

Ainda que não se saiba a causa exata do carcinoma espinocelular, alguns fatores são apontados por estudos como responsáveis por aumentar o risco para o desenvolvimento dele. Incluindo:

  • Exposição desprotegida à radiação ultravioleta (UV) do sol ou de equipamentos de bronzeamento artificial: a exposição por muitos anos (cumulativa) e desprotegida à radiação ultravioleta é a principal causa do carcinoma espinocelular e, também, um fator de risco para a maioria dos cânceres de pele. Quanto maior o tempo de exposição, maior a probabilidade de desenvolver doença;
  • Sistema imunológico enfraquecido: pessoas com o sistema imunológico enfraquecido como consequência de doenças ou de certos tipos de medicamento, têm maiores chances de desenvolver esse tipo de câncer de pele. Exemplos incluem os portadores de HIV, paciente submetidos a terapias para tratamentos de câncer, os que utilizam medicamentos imunossupressores para doenças autoimunes ou anti-rejeição quando é feito um transplante de órgão (nesse caso o risco é ainda mais alto);
  • Histórico de câncer de pele: pessoas diagnosticadas com outro tipo de câncer de pele chamado carcinoma basocelular, têm maior risco de desenvolver o carcinoma espinocelular, uma vez que ambos têm como principal fator de risco a alta exposição aos raios ultravioleta;
  • Envelhecimento: apesar de a maioria dos carcinomas espinocelular afetar pessoas acima de 50 anos, risco justificado pela exposição cumulativa aos raios ultravioleta, a doença pode ainda ocorrer em pessoas jovens, expostas com frequência ao sol ou equipamentos de bronzeamento artificial;
  • Cor da pele: pessoas com a pele clara têm risco aumentado – particularmente com cabelo ruivo ou loiro, olhos claros, sardas ou facilidade para bronzear – quando comparadas às de pele mais escura, cujo risco é bem pequeno.
  • Sexo: a doença é duas vezes mais prevalente nos homens do que nas mulheres. A exposição cumulativa também é a principal justificativa;
  • Doenças hereditárias e outras condições sensíveis ao sol: o Xeroderma pigmentoso, uma doença genética rara, na qual a pele perde a capacidade de reparar danos solares – assim como outras condições fotossensíveis como erupção polimorfa à luz ou urticária solar, aumentam o risco carcinoma espinocelular;
  • Pré-cânceres de pele:  Certos crescimentos pré-cancerosos, muitas vezes resultantes de danos cumulativos do sol, também são relacionados a esse tipo de câncer, entre eles ceratose actínica, quelite actínica, leucoplasia e doença de Bowen.
  • Infecções crônicas e inflamação da pele por queimaduras, cicatrizes e outras condições.

Outros fatores de risco para o desenvolvimento do carcinoma espinocelular são a exposição a substâncias como alcatrão, arsênico, tabaco, raios X.

Sintomas de carcinoma espinocelular

O carcinoma espinocelular pode aparecer como manchas vermelhas escamosas, feridas abertas, pele áspera, espessada ou semelhante a verrugas, ou protuberâncias com uma depressão central. Às vezes, pode formar crostas, coçar ou sangrar. As lesões surgem mais comumente em áreas do corpo expostas ao sol, como o rosto, cabeça, pescoço, braços, mãos e pés, embora possam ocorrer em áreas não expostas como os órgãos genitais.

As apresentações mais comuns são:

  • Uma mancha vermelha escamosa e persistente com bordas irregulares que às vezes forma crostas ou sangra;
  • Um crescimento elevado com uma depressão central que ocasionalmente sangra. Pode aumentar rapidamente de tamanho;
  • Uma ferida aberta que sangra ou forma crostas e persiste por semanas;
  • Um tumor semelhante a uma verruga que forma crostas e, ocasionalmente, sangra.

Uma apresentação menos comum inclui um nódulo cutâneo rosado sem alterações superficiais sobrepostas.

Metástases regionais de cabeça e pescoço podem resultar em linfonodos submandibulares ou cervicais aumentados e palpáveis e, quando invade o nervo periférico adjacente, causa dormência, dor e fraqueza muscular. Estes podem ser alguns sinais clínicos de invasão, além de linfonodos palpáveis.

Bem mais agressivo e invasivo do que o carcinoma basocelular, o espinocelular é, ao mesmo tempo, de crescimento mais rápido. Embora possa ser tratado com sucesso quando diagnosticado precocemente, tem potencial de metástases distantes em órgãos internos como os pulmões, colo do útero e na mucosa da boca, por isso, a observação de qualquer anormalidade, indica a necessidade de procurar um especialista.

Diagnóstico e estadiamento de carcinoma espinocelular

Quando há suspeita de carcinoma espinocelular a investigação inicia com um exame físico para avaliação da lesão e confirmar a possibilidade de outras. Posteriormente são realizados diferentes exames de imagens, se houver chances de invasão.

A tomografia computadorizada (TC) pode confirmar a invasão de tecidos moles ou dos ossos, assim como e metástases em linfonodos. Enquanto a ressonância magnética (RMI) pode ser indicada para descartar a invasão de estruturas neurais ou vitais.

Já a biópsia de uma amostra da lesão possibilita o diagnóstico definitivo.

Como muitos tipos de câncer, o estadiamento do carcinoma espinocelular é realizado de acordo com critérios apontados pelos resultados, como o tamanho do nódulo e o potencial de metástase, parâmetros que rebem diferentes graduações, o que é feito com a utilização do sistema TNM.

Utilizado para internacionalmente para classificação de tumores malignos, nesse sistema T indica o tamanho do tumor e qualquer disseminação para tecidos próximos. N a disseminação para os nódulos linfáticos próximos e M para outras partes do corpo (metástase).

No entanto, para estimar o risco para um paciente individual, é necessária a avaliação do tumor após a excisão. A maioria dos pacientes, entretanto, geralmente apresenta potencial de cura, com taxa de sobrevida de 90%, quando os tumores adequadamente tratados.

Tratamento de carcinoma espinocelular

As opções de tratamento são:

Cirurgia para ressecção do tumor

Prevê a remoção de todo o tumor com uma margem de segurança do tecido normal circundante. Após ser removido o tumor é avaliado por um patologista, se forem encontradas células cancerosas além da margem, elas também devem ser removidas. Quando o câncer não espalhou a cirurgia geralmente é o único tratamento necessário.

Cirurgia de Mohs 

É realizada em uma única consulta, em etapas. O cirurgião remove o tumor visível e uma margem muito pequena de tecido ao redor e abaixo do local do tumor. A avaliação para verificar se alguma célula cancerosa permanece é feita durante a cirurgia. Se isso acontecer elas são removidas e o processo é repetido até não existirem mais evidências.

É a técnica mais eficaz para a remoção de carcinoma espinocelular, pois possibilita a manutenção de uma quantidade maior de tecido saudável, atingindo, dessa forma, até 97% de cura para tumores tratados pela primeira vez. Normalmente recomendada quando as lesões estão localizadas em áreas pequenas, cosmeticamente ou funcionalmente importantes, como ao redor dos olhos, nariz, lábios, orelhas, couro cabeludo, dedos das mãos e dos pés ou genitais. Ou quando há recorrência e se os tumores forem grandes e de crescimento rápido.

Curetagem

Prevê a raspagem da lesão com a utilização de uma cureta, um instrumento afiado com a ponta em forma de anel). Calor ou um agente químico podem ser utilizados para conter o sangramento e destruir as células cancerosas restantes. É eficaz quando os tumores são pequenos, superficiais e minimamente invasivos.

Criocirurgia

O tumor é congelado e destruído por nitrogênio líquido. É eficaz quando o câncer é superficial e particularmente indicada para pacientes com distúrbios hemorrágicos, que utilizam dispositivos cardíacos ou têm intolerância à anestesia.

Radioterapia

Utiliza raios-X de baixa energia para destruir o tumor, o que pode ser feito em diferentes sessões. É aplicada especialmente quando o tumor não pode ser tradado por cirurgia, o quando o procedimento não é recomendado. Também pode ser usada para consolidação do tratamento (terapia adjuvante) em associação com a quimioterapia, para tumores em estágios mais avançados.

Medicamentos tópicos

São aplicados diretamente nas áreas afetadas da pele para tratar lesões superficiais, com risco mínimo de cicatrizes. Eliminam as células cancerosas e pré-cancerosas, por isso, além de eventualmente usados para tumores superficiais, são um tratamento preventivo.

Para os carcinomas espinocelulares que se espalharam, possuem tamanhos maiores, penetraram profundamente na pele, causaram danos locais graves ou recorreram, o tratamento deve ser mais extenso, definido por uma equipe multidisciplinar.

Após o tratamento, o rastreamento de novos cânceres de pele deve ser realizado semestralmente ou anualmente durante toda a vida. Os pacientes também são orientados para o autoexame e uso de proteção solar.